segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Zig, o cachorro louco

Voltando do sítio em Belizário, depois de umas boas pescadas no açude e sustos no mato, e o vovô ficava meio puto quando alguém tirava o primeiro antes dele... Era uma disputa que pra mim era engrassadíssima, mas para o velho pescador questão de honra. Voltar era muito legal, na carroceria da Pampa vendo a estrada vermelha de costas, o céu vermelho, a cara vermelha e cortada pelos cabelos na cara, o que num era vermelho fazia o que era ser mais vermelho... e o Zig, o velho perdigueiro aloprado, com suas feridas medonhas, lá vinha ele trepidando, latindo, chorando, corria feito louco, vocês vão me abandonar aqui de novo seu filhos da puta?, devia pensar, que nada, agora essas galinhas estão no papo! Mas o fato é que ele vinha feito louco, latindo e gritando, e o carro como não ia muito rápido por causa da estrada ele estava sempre a vista... comecei a ter pena, os pés dele estava vermelhos, deviam ser do barro, mas era como se sangrasse... até se perder pela estrada, no por do sol vermelhão. Sêo Hidemburgo lá na frente, nem tchum, e eu com aquela pena... é tão ruim sentir pena...

domingo, 31 de janeiro de 2010

Até o sol nascer

Vendo as cores, ouvindo murmurinhos, vendo os ventos, vendo as estrelas, e os fios. É, eram uma intervenção. Aquela fiação cruzando os ceus de carneirinhos esparços salpicando estrelas aos montes. As copas quadradas. Seus frutinhos estranhos, abil talves, umbu-cajá? sei lá... mas elas, a noite inspiravam as mais loucas e bizarras conversas e histórias de lobisomens e morcegos vampiros... sibilos e azes nos ares... uma vara vai detonar seus radares. Ciência maldita. Namorados na rua do bife estavam distantes das nossas aventuras de olhares. Cometas, a deusa Venus, escorpiões e ursos travavam embates de empáfias... mas tudo desfazia-se no azul daquela varanda quando o laranjal do astro rei despontava sabe-se lá se pelo leste ou pelo oeste de nossas vidas. A vara que derrubava morcegos adormecera, e nós, passávamos a noite desbravando alucinações e falácias para ver o triunfo do sol nascer...

domingo, 10 de janeiro de 2010


Uma vez saímos andando pela Rio-Bahia, até a ponte do Rio Glória. O caminho nada menos pitoresco: um puteiro ao meio da estrada enquanto algum atleta amador suava sua camiseta coiote para gastar calorias. Engraçado lembrar do século passado. Um primo ficou rindo pois havíamos caminhado quase dez quilometros para dar um pito longe de casa... como se o caso fosse esconder a fumaça... a Gloria passava, piaus e lambaris deitados à ponte riam da sua desgraça defronte uma draga que trazia o progresso ao discuros dos coronéis da terra do nunca...
não consigo me lembrar do nome do puteiro...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009



É nasceu. Joguem-na no berçário. Não deixe que a vejam de perto. Não deixem que assistam nada. Não deixem que lhe beijem sem um banho. Não deixem que lhe amem antes das enfermeiras lhe enrolarem em exames e ferros frios. Não deixem que sejam felizes seus progenitores, mas que o pai cumpra seu papel de macho e seja sempre rude com a mãe. Não deixem que...


Meu deus... (minúsculo mesmo que ele deve ser assim humilde...) ninguém pode mais nascer feliz e sorrindo? Ferros e vidros...


Ferros e vidros...

Pode sim, essas lembranças vem da chegada de um novo forte e corajoso que quebrou as barreiras da insensibilidade dos homens quadrados... veio ao mundo com muita força e traz nos sangue a história da família do vovô Hidemburgo, o bisa, fabuloso supererói tiradentes contador de causos... um salve aos que chegam e aos que já foram para dar-lhe espaço no mundo...

Amor, luz e força na peruca! Salve Isac.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Onde a cavalaria bebe água...

Na festa do cavalo todo o ano tinha novidade, o ano todo esperava e os paralelepípedos parecem também ansiosos. Prefeitos embotando projetos de jardim quadrados, com as mais quadradas copas possíveis, geram empregos, palmas! uma turma de jardineiros sem saber o que fazer com as partes menos simétricas das plantas. E na próxima exposição vamos ter uma nova atração... segunda feira a gente pensa no que virá.
Mas de tudo que se via na cidade dos cavalos, era onde bebiam água que queríamos ir... gozado é que num era pra vê-los se hidratando, é que nessas regiões da cidade, nas baias, poucos iam... e algo inusitado é sempre curioso,e assim íamos mostrar os confortáveis bebedouros ao par mais interessante que topasse a aventura, frio vento, deserto, ah os desertos tem a sedução da solidão, lugar bom de se conhecer um olhar fugitivo de sorriso oblíqüo...

sábado, 15 de agosto de 2009

A farpa e o boticão



Em toda zona da mata talvez nunca houvera nome mais temido, Chumbo Grosso. Amizade de origens um tanto quanto obscuras, ninguém sabe ao certo, acredito que como na fábula do leao com uma farpa no pé, com aquele humor delicado que somente os leões até que um pequeno e ousado ratinho lhe arranca a farpa... uuuuh, que alívio. Pois um cabra desse quilate a ponto de mandar bala no próprio dente depois de tanto mandar bala em gente, tamanha insuportável dor de dente.
Do que um boticão num é capaz, a dor, um elo, até mesmo chumbo grosso trai a carne diante da dor, um dente enfurecido... eis uma boa alma, um alicate sagrado, uma força bruta salvadora, um puxa sem dó, um buraco no vazio do ser e uma dor alivia a outra. O temível eternamente grato, e mais uma vida salva pelo vovô, uma nova parceria de pescarias.