quinta-feira, 6 de agosto de 2009

da varanda azul



No boteco da esquina comprei um pedacinho do rolo. Sai com os bolsos fedendo, corri pra varanda azul de onde o mundo ficava diferente. Dali, de mansinho, peguei na base de osso o presente mais valioso que já havia ganhado. Quem me deu foi meu pai, mas o vovô fez questão de avaliar como muito bom, e o fez me ensinando amolar o canivete na pedra. Barulhinho bom, schuiz, schuiz...

Pensei que de tanto amolar um dia ia ficar igual aos dele, e assim amoladinho piquei fumo e enrolei a palha. Baixei o som, que ninguém podia ver o tarugo fumegando... bufo, bufo, traguei daquele amargo que acendi no isqueiro do Seo Hidemburgo. Tonto, cara feia, tosse, mas até o fim, como gente grande, e ao fim, do alto da varanda a bituca foi contemplada enquanto planava e pousou levemente no olho do jardim, em frente ao antigo consultório.
O canivete, uma pena, de tão usado, para tudo que era tarefa, de cortar, apontar, parafusar, se esmolengou todo. Tentei até consertar, mas o velho osso do cabo, acabou-se por enterrado no mesmo jardim do consultório, de onde ao fundo o barulhento compressor desenhava dentaduras para toda sorte de gente.
Um esmeril afiado:

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